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Igreja salva?

Vamos refletir sobre mais uma frase comum de se ouvir nos dias de hoje: “Igreja não salva!”. Quando escuto essa frase dentro de um ambiente cristão, sinto uma tristeza, pois o único jeito de uma pessoa chegar a essa conclusão é através de um falso entendimento do que é ser cristão. No geral entendo que existem dois tipos de pessoas que falam essas frases: uma é a pessoa que vai à igreja, mas não liga para os dogmas, são os mornos, aqueles que, na verdade, só aceitam os próprios dogmas, que é uma espécie de egoísmo religioso, pois não existe religião sem dogmas, mesmo que o único dogma seja “dogmas não existem”. Também existem os tais “sem igreja”, no cristianismo isso se torna um “biblismo”, o que também é um absurdo, pois o cristianismo não é uma religião de um livro, como o islamismo. O cristianismo é uma religião de uma Pessoa, como se pode demonstrar com a própria Bíblia.

O que é a igreja e por que ela salva?

“Ora, vós sois o corpo de Cristo, e individualmente seus membros.”(1 Coríntios 12, 27)

“Ele é a cabeça do corpo, da Igreja.”(Efésios 5, 23)

“A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela sua ação nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui como seu Corpo a comunidade dos crentes.”(CIC, 805)

Olha, eu não sei para vocês, mas para mim está mais do que claro que a igreja é o corpo de Cristo, e por uma lógica bem simples, dizer que a igreja não salva é a mesma coisa que dizer que o corpo de Cristo não salva. Acho que com poucos argumentos é possível entender a gravidade da situação, estamos discordando de um ponto primordial no plano da salvação.

Mas o que a igreja tem a ver com o plano de salvação? Bom, quando o Filho de Deus veio para viver alguns anos junto a nós nesse vale de lágrimas, Ele veio com alguns objetivos além de perdoar nossos pecados com os méritos infinitos de Sua morte. Ele nos elevou a uma vida sobrenatural, para uma vida participativa junto com Deus, superando a nossa natureza. O plano da salvação continua se manifestando no mundo hoje na Sua igreja, a partir das doutrinas e sacramentos temos um caminho seguro para crescer espiritualmente. Sacramentos esses que no mundo material só vemos como símbolos, mas um símbolo material do sacramento é, no mundo espiritual, uma realidade. E deve ser assim, pois imagine a confusão de saber que existe uma Verdade, mas não saber onde Ela está ou onde procurá-la. Deus não nos deixou perdidos nas instituições do mundo, nem nas nossas próprias limitações e interpretações. Ele nos deu uma pedra para construir nossa casa, para que, quando as tempestades passarem, permaneçamos bem fundamentados.

Propriedades da verdadeira fé

Mas, se Deus nos deixou uma igreja deve haver alguma maneira de ter certeza de qual é essa igreja. E São Pio X em seu catecismo deixa bem claro como ter essa certeza:

154) Como se pode distinguir a Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas, fundadas pelos homens, e que se dizem cristãos? Pode-se distinguir a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas fundadas pelos homens e que se dizem cristãs, por quatro notas características. Ela é Una, Santa, Católica e Apostólica.

Una

“Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco, e é preciso que eu as traga, e ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” Jo 10, 16

“Uma fé, uma cabeça, um culto. Esta é a unidade pela qual Cristo orou, a unidade que estabeleceu como um dos sinais que identificariam perpetuamente a sua Igreja. É uma unidade que só pode ser encontrada na Igreja Católica.” (A Fé Explicada, p. 173)

Observemos esta unidade em suas três dimensões: unidade de credo, unidade de autoridade e unidade de culto. Unidade de credo e autoridade, pois a verdade é una e foi dada a conhecer pelo próprio Cristo e tem autoridade, pois procede diretamente de Deus. Também um culto, um altar, um sacrifício presente todos os dias no mundo todo da mesma forma, pois transcende o tempo e o espaço, então continuamos no tempo o oferecimento que fez a Deus no Calvário, o oferecimento de Si próprio em favor dos homens.

Santa

“Os argumentos mais fortes contra a Igreja Católica são as vidas dos maus católicos e dos católicos relaxados. […] Sempre haverá pecadores. Até o final do caminho serão a cruz que Jesus Cristo deve carregar aos ombros do seu Corpo Místico. E, não obstante, Jesus sublinhou a santidade como uma das notas distintivas da sua Igreja. “Por seus frutos os conhecereis”, disse Ele. “Porventura colhem-se uvas dos espinhos e figos dos abro-lhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos”” (A Fé Explicada, p. 174)

No seu excelente livro Leo Trese evidencia tal comportamento de alguns inimigos da fé. Particularmente eu nem considero isso um argumento, pois em nenhum momento está dito que a igreja só é composta por santos, acho que as pessoas esquecem que no momento que Jesus estava sendo crucificado só quem estava do lado dele era a Virgem Maria e São João o apostolo, o resto fugiu e um era traidor. Esse argumento no fundo é uma invalidação por sentimento, como essas pessoas sentem que a igreja não é verdadeira por conta de seus membros não a seguem. Somos homens, temos que utilizar a razão, e como diria São Gregório de Nissa “só os animais buscam a verdade através dos sentidos”.

O engraçado é que, já que podemos conhecer uma árvore pelos seus frutos, logo os bons homens da Igreja também devem ser um bom argumento para sua santidade. É aí que entram os santos, os grandes frutos dessa árvore, que é a Igreja. O que acontece atualmente é que ninguém conhece a história dos santos, pois ela nos é ocultada! E pior, se alguém não sabe a história dos santos, também não conhece a sua própria história, pois tudo de bom no Ocidente foi construído por eles. Quer fazer uma boa experiência? Procure a biografia do mais nobre dos muçulmanos, do mais nobre dos budistas, do mais nobre dos protestantes e compare com a vida de uma simples camponesa e analfabeta como Santa Joana d’Arc, ou da “flor do Carmelo”, Santa Teresinha, ou até mesmo de um grande doutor como Santo Tomás. Você vai ver que, do santo mais simples ao mais santo dos doutores, simplesmente não há comparação. Isso acontece porque a Igreja pode não ser composta apenas por santos, mas ela é a fábrica de santidade.

Universal(Católica)

A universalidade da Igreja se dá de três formas: no tempo, todos os dias desde o Pentecostes, na doutrina com todas as verdades ensinadas por Jesus Cristo, e na extensão não sendo propriedade de nenhuma nação ou raça. É para todos os homens e deve abranger o mundo inteiro, e a Igreja Católica é a única a cumprir esta condição.

Apostólica

E por último, a “apostolicidade” da Igreja: “A Igreja que pretenda ser de Cristo deverá provar a sua legítima descendência dos Apóstolos, alicerce sobre o qual Jesus edificou a sua Igreja” (A Fé Explicada, p. 179). Entre no site do Vaticano e logo na página inicial temos a lista de papas desde São Pedro até Francisco. Não é difícil provar a veracidade dessa historia da igreja.


“Na Igreja Católica distingue-se com toda a clareza a “marca” de Cristo: una, santa, católica e apostólica. Não somos tão ingênuos que esperemos que os convertidos venham agora correndo aos molhos, visto que lhes mostramos essa marca. Os preconceitos humanos não cedem tão facilmente à razão. Mas ao menos tenhamos a prudência de vermos nós essa marca com lúcida segurança.” (A Fé Explicada, p. 180)

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