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Por que sou católico?

“Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança” - 1 Pedro 3, 15

Desde minha infância, a fé católica fez parte da minha vida. Crescendo em uma família católica praticante, fui criado sob os princípios e tradições da Igreja. Fui batizado, crismado e fiz minha primeira comunhão, além de ir à missa todo final de semana, etc. Apesar de ter seguido todo o caminho típico de um membro de uma família católica, ao terminar meu crisma, tive um desfecho semelhante ao de muitos jovens: fui me afastando da igreja até decidir, de uma vez por todas, que não iria mais.

Essa decisão não foi difícil, apesar de toda a tradição da minha família; para mim, não fazia sentido tudo aquilo. A verdade é que nunca me interessei por rezar ou ir à missa, pois eu não tinha ideia do porquê de fazer essas coisas; essas práticas não entravam na minha cabeça. Nunca cheguei a me declarar ateu, mas a ideia de um Deus cristão não me parecia coerente.

Enfim, a vida passou. Estava fazendo o curso de graduação que sempre quis e consegui um emprego na área logo no final do primeiro ano de faculdade. Tinha meus amigos, uma boa família, uma vida bem normal, eu estava indo muito bem, mas por dentro eu estava indignado, pois sabia que tinha uma vida boa, mas não era feliz. Não era um sentido depressivo, mas eu sabia que faltava algo; não era possível que a vida fosse só isso. Sentia que mesmo se eu tivesse o melhor emprego do mundo, muito dinheiro, e etc., isso não me faria feliz.

Nesse contexto de insatisfação com a vida, Deus me deu o que eu queria. Ele me apresentou, por meio da minha irmã, a peça que faltava para a minha conversão: a tradição da santa Igreja. Quando me deparei com esse tesouro que me foi escondido durante toda a minha vida, minha conversão foi inevitável, pois acabei de encontrar a resposta para meus questionamentos. A história de nossa civilização, um sentido para a vida que era buscar a verdade. Afinal, conseguiram esconder de mim algo debaixo do meu nariz, onde eu tinha todas as ferramentas para encontrar. O que mais me falta descobrir?

A resposta aos meus questionamentos

Dentro da tradição, encontrei as respostas para muitas coisas que antes me incomodavam, pois eu tinha uma visão muito materialista, o que me limitava muito. Uma dessas questões, por exemplo, foi o livre-arbítrio. Tentar encontrar uma resposta materialista, ignorando a doutrina da graça, o pecado original e a metafísica em geral, é um tiro no pé. Essa é apenas uma questão entre outras que eu analisava, e a conclusão era sempre a mesma: tudo o que os santos e teólogos da Igreja falavam simplesmente fazia muito mais sentido do que qualquer outra explicação.

E apesar do que muitos anticristãos vão pensar, meu intelecto não aderiu a essas ideias porque são mais fáceis ou mais agradáveis de aceitar, muito pelo contrário. Tive contato com os grandes pensadores de toda a história da humanidade, que se basearam em uma longa tradição e em outros grandes filósofos como Platão e Aristóteles. Ao aceitar que os santos estão corretos, vou ter que aceitar, por consequência, que Deus existe e seus ensinamentos e leis devem ser colocados em prática na minha vida. Se você acredita que isso é mais fácil do que simplesmente acreditar que tudo é ao acaso e que minhas ações não têm consequências eternas na minha alma, bem, não há muito o que dizer para aqueles que criticam o que não entendem.

Aceitar a Deus e à igreja

Ok, cheguei à conclusão de que os santos da igreja estão corretos, mas isso não poderia ser simplesmente uma prática de pegar as ideias com as quais concordo e jogar o resto fora. Existe um motivo para esta categoria de pessoas (santos) estarem corretas, e este motivo é a divindade e paixão de nosso Senhor Jesus; esse era o ponto comum entre os santos, sua fé. Ao chegar nesse ponto, me deparei com a velha história de C. S. Lewis: “Ou Ele é louco, ou mentiroso, ou de fato Ele é Deus”. Achei impossível que ele seja mentiroso. Se isso for verdade, houve momentos na história da humanidade em que 100% das pessoas baseavam suas vidas em loucuras. Mas já estava claro, a partir dos ensinamentos de seus seguidores, que Jesus não era mentiroso. Todos os frutos da mensagem desse homem eram bons; como pode ele ser mentiroso? E louco, muito menos. Ler os evangelhos deixa bem claro que Jesus foi o homem mais sábio de seus contemporâneos. Me resta aceitar que ele estava certo no que deixou para nós, e isso inclui sua divindade.

Ao aceitar Jesus, é necessário um caminho a seguir, e existem basicamente dois(hoje, eu sei que é apenas um): o catolicismo e o protestantismo. Por motivos filosóficos, históricos e pessoais, decidi ser católico. Ao aceitar a Verdade, voltei a praticar a tradição da minha família, frequentei a missa semanalmente e comecei a rezar. Dessa vez, não estava fazendo por obrigação, mas sim porque queria estar ali, e entendi o que estava acontecendo nesses momentos. Deus me deu uma grande graça nesse momento de perceber como isso estava me melhorando como pessoa, e por meses simplesmente não conseguia tirar o sorriso do rosto. Eu me encontrei.

A história também me mostrou que a igreja primitiva era católica. Temos muitos textos dos primeiros padres da igreja e a Didaquê, que foi escrita no século I e já fala de batismo, confissão dos pecados e eucaristia. Sem contar que até mesmo os termos usados e a descrição da liturgia são muito católicos. As maiores objeções a esse início da história da igreja vêm dos protestantes, mas nenhum deles me pareceu convincente. O argumento de que Constantino fundou a igreja parece-me apenas uma desonestidade intelectual, pois antes de Constantino já possuíamos muitas coisas que os protestantes negam, como a devoção a Virgem Maria, oração pelos mortos, fé e obras na justificação, perda de salvação, tradição como fonte de revelação, sem contar outras práticas católicas já presentes na época, como, por exemplo, antes de Constantino, a igreja teve mais de trinta papas. E também outras coisas, como o Sola Scriptura, não me convenceram nem um pouco “Os inimigos da sã doutrina, fingindo boas intenções, recorrem às provas das escrituras lançando fora os testemunhos orais dos padres” - São Basílio, 330 d.C.

O testemunho da igreja

Santos na história

Os santos da Igreja Católica, ao longo da história, exerceram um impacto profundo e duradouro, moldando os destinos das pessoas e até mesmo influenciando o curso da história. Entre eles, destacam-se figuras como Santa Teresa de Ávila, cuja espiritualidade mística e reforma carmelita revitalizaram a vida religiosa na Espanha do século XVI.

Santa Joana D’Arc, a camponesa francesa que se tornou uma heroína militar e símbolo da resistência nacional durante a Guerra dos Cem Anos, demonstrou coragem inabalável e uma profunda devoção à sua fé, liderando o exército francês em importantes vitórias contra os ingleses enquanto carregava seu estandarte onde estava escrito “Jesus e Maria”.

Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, mais conhecida como os jesuítas. Sua espiritualidade centrada na contemplação e no serviço ao próximo, aliada a uma profunda busca pelo discernimento espiritual, influenciou não apenas a vida religiosa, mas também a educação e a evangelização em todo o mundo.

Santo Tomás de Aquino, o renomado teólogo e filósofo medieval, sintetizou a fé católica com a razão aristotélica, estabelecendo os fundamentos do pensamento escolástico e influenciando profundamente a teologia e a filosofia cristãs.

Santo Agostinho, cujas obras teológicas e filosóficas continuam a ser estudadas e debatidas séculos após sua morte, influenciou profundamente a teologia cristã com suas reflexões sobre o amor de Deus, a natureza do mal e a relação entre fé e razão.

Esses santos são apenas alguns exemplos de incontáveis outros. O fato de sairmos da escola sem conhecer essas histórias é uma demonstração da destruição da máquina de emburrecimento de ensino moderno. A fé e obras desses homens construíram tudo de bom que conhecemos em nossa história.

Obras da igreja

Algumas contribuições da igreja e seus santos:

  1. Universidades: A Igreja Católica desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento das primeiras universidades medievais na Europa, como a Universidade de Bolonha (1088), a Universidade de Paris (c. 1150) e a Universidade de Oxford (c. 1096). Essas instituições foram fundamentais para a preservação e disseminação do conhecimento durante a Idade Média.
  2. Método Científico: Muitos dos primeiros cientistas eram padres católicos ou monges, como Gregor Mendel (fundador da genética e monge agostiniano), Roger Bacon (promotor do método científico e frade franciscano) e Georges Lemaître (proponente da teoria do Big Bang e padre). Eles contribuíram significativamente para o desenvolvimento do método científico e para o avanço da ciência em várias áreas.
  3. Hospitais: A Igreja Católica foi pioneira na fundação de hospitais durante a Idade Média, proporcionando cuidados médicos aos doentes e necessitados. Ordens religiosas como os Beneditinos e os Franciscanos estabeleceram hospitais em toda a Europa, contribuindo para a melhoria da saúde pública e o avanço da medicina.
  4. Arte e Arquitetura: A Igreja Católica desempenhou um papel central no patrocínio e na promoção das artes ao longo da história. Muitas das mais magníficas obras de arte e arquitetura do mundo foram encomendadas pela Igreja, incluindo as pinturas renascentistas de artistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael, e as majestosas catedrais góticas como a Catedral de Notre-Dame em Paris.
  5. Sistemas de Ensino: As ordens religiosas católicas, como os Jesuítas, foram pioneiras na educação formal e no estabelecimento de escolas em todo o mundo. Eles desenvolveram métodos inovadores de ensino e foram fundamentais na expansão do acesso à educação para diferentes camadas da sociedade.
  6. Ciências Sociais: Muitos santos católicos e teólogos contribuíram para o desenvolvimento das ciências sociais, incluindo a ética, a teoria política e a filosofia social. Suas reflexões e ensinamentos influenciaram o pensamento sobre questões sociais e morais ao longo dos séculos.
  7. Orfanatos e Instituições de Caridade: A Igreja Católica tem uma longa história de envolvimento em obras de caridade, incluindo a fundação de orfanatos, abrigos para os sem-teto, e outras instituições de assistência social para ajudar os mais necessitados.

Enfim, citei sete exemplos mais pelo símbolo do número do que pela falta de mais citações. A Igreja não só contribuiu para a história, ela construiu tudo de bom em nossa história.

Milagre de Fátima

O Milagre de Fátima é um dos eventos mais marcantes e inspiradores da história recente da humanidade. Aconteceu em 1917, na pequena cidade de Fátima, Portugal, quando três crianças pastorinhas, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto, relataram ter tido visões de uma “Senhora mais brilhante que o sol” enquanto pastoreavam o rebanho. Essa misteriosa aparição, identificada posteriormente como a Virgem Maria, continuou a visitá-los ao longo de seis meses, sempre no dia 13 de cada mês.

Foi no dia 13 de outubro de 1917 que o Milagre de Fátima alcançou seu ápice. Diante de uma multidão estimada em 70 mil pessoas, os três pastorinhos testemunharam a realização de um fenômeno extraordinário: o sol começou a girar, emitindo diferentes cores e parecendo desprender-se do céu, antes de finalmente parecer se precipitar em direção à Terra. Esse evento, presenciado por crentes e céticos, foi interpretado como um sinal divino, um testemunho da presença e do poder de Deus.

Além disso, as aparições de Fátima também trouxeram consigo revelações sobre o futuro da humanidade, incluindo visões do inferno, alertas sobre os perigos do comunismo e previsões de conflitos e desastres que assolariam o mundo. Essas profecias servem como um lembrete poderoso da fragilidade da existência humana e da necessidade de vigilância espiritual.

É simplesmente impossível que um evento testemunhado por 70 mil pessoas de todos os tipos, que está tudo relatado em jornais da época, até mesmo por jornalistas ateus. Um evento que previu o crescimento do comunismo, dizendo que a Rússia espalharia seu mal pelo mundo, isso é, no mínimo, algo que desperta curiosidade.

Conclusão

Sou católico por um dom de Deus, uma dádiva que permeia minha vida e molda minha jornada espiritual. Ser católico é o caminho de busca constante pela verdade, pelo amor e pela justiça, guiado por Deus e pelo exemplo dos santos. Assim, permaneço firme em minha fé católica, grato pela graça de fazer parte de uma igreja que, ao longo dos séculos, tem sido um farol de esperança e um testemunho vivo do amor de Deus no mundo.

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